Histórico

A construção da Educação do Campo na UFV remonta ao final dos anos 1990, envolvendo participações institucionais nos Conselhos Estadual e Nacional do PRONERA e do Programa Residência Agrária, bem como no Grupo de Trabalho da SECAD, além de parceria com a Associação Mineira das Escolas Família Agrícola – AMEFA, com a Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais – FETAEMG, agricultores familiares na Zona da Mata Mineira, com Organizações Sociais (como: Centro de Tecnologias Alternativas – CTA-ZM), Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Associações e Cooperativas de Agricultores Familiares, Movimentos Sociais do Campo e com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no desenvolvimento do Projeto Educação, Campo e Consciência Cidadã, do PRONERA.

Foi dessa parceria que, a partir de 2010, teve início o Programa Observatório da Educação do Campo – OBEDUC, com o Projeto em rede Educação do Campo, Práticas de Educação de Jovens e Adultos, Letramento e Alternâncias Educativas.

Assim, a UFV – que é reconhecida pela sua excelência em pesquisas e produtos orientados para o desenvolvimento do agronegócio – também tem consolidado em seu interior um conjunto de Programas, Projetos e ações de ensino, pesquisa e extensão orientados para uma agricultura de base agroecológica que, sob outro paradigma científico, educacional e de desenvolvimento, visam o fortalecimento da agricultura familiar camponesa e da agroecologia em nossa sociedade, a partir de uma concepção holística e sistêmica das Ciências da Natureza.

A longa trajetória de interação entre UFV, CTA-ZM e organizações dos agricultores propiciou o desenvolvimento de uma relação profunda, marcada pelo respeito e pela confiança mútua, condição fundamental para o compromisso recíproco entre os diversos atores na construção da Agroecologia na região e para a realização de projetos como o de criação da Licenciatura em Educação do Campo.

O Programa TEIA/UFV, em atividade de 2005 a 2017, se constituiu na UFV como um dos maiores campos de diálogo entre universidade e movimentos sociais e, consequentemente, entre universidade e sociedade. Esse Programa objetivou, como principal proposta, unificar projetos de extensão que possuíam como base ações integradoras e de intensa participação popular, propiciando uma ecologia de saberes que difere dos clássicos difusionismo, assistencialismo e mera prestação de serviços.

Em 2011, a UFV passou a contar com os trabalhos do Observatório dos Movimentos Sociais, um projeto inicialmente vinculado ao programa TEIA, vindo a se tornar um Programa do PROEXT, em 2012.

Em 2012, a UFV foi a universidade com maior número de projetos de extensão aprovados no PROEXT, sendo que cinco Programas (Observatório dos Movimentos Sociais, TEIA, Agroecologia dos Saberes, Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Educação Patrimonial) e um projeto (Trabalho como Princípio Educativo) eram voltados para os povos do campo.

Herdeiro do conjunto desses Programas e Projetos em desenvolvimento na UFV, o Núcleo de Educação do Campo e Agroecologia (ECOA) integra todas as entidades e organizações sociais já citadas.  A agroecologia, na perspectiva da Associação Brasileira de Agroecologia (www.aba-agroecologia.org.br), possui enfoque científico, prático e metodológico, com base em diversas áreas do conhecimento. Trata-se, portanto, de uma ciência multidisciplinar que se propõe a estudar processos de desenvolvimento rural sob uma perspectiva ecológica e sociocultural.

É com esse compromisso que a UFV apresenta o Curso de licenciatura em Educação do Campo, aprovado pelo CEPE em sua 498ª reunião, Ata de nº 498 de 8/10/2013, cuja proposta objetiva a formação de professores em docência multidisciplinar em Ciências da Natureza para uma atuação na Educação do Campo. A criação do Curso de Licenciatura em Educação do Campo não apenas fortalece o compromisso da UFV com a educação do campo e com a formação de professores, como também atende à necessidade de formação superior de professores para uma atuação mais qualificada na Educação do Campo.


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